quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Um jeito glutamato monossódico de ser

Feriado...deitada na rede com minha felina Agatha. Na sacada, sentindo a brisa agradável do Morro Santana em Porto Alegre. Para completar minha idílica manhã de feriado, nada mais interessante do que ler a Revista da Cultura*.  Achei ótima a coluna da Karina Buhr: O sabor que mata e apressa.

Ela fala do glutamato monossódico (ingrediente presente em quase todos os produtos alimentícios industrializados, utilizado para realçar o sabor). Diz que somos apressados, não temos mais tempo para sentir os sabores das especiarias, dos temperos que precisam de tempo para a degustação. Assim como todo o restante de nossas vidas, queremos tudo muito rápido e intenso.

Sou muito curiosa, tive que sair da rede e pesquisar na internet sobre o tal glutamato monossódico (que minha nutricionista já havia me recomendado para eliminar da minha dieta, há 05 anos). Olhem o que achei no wikipédia:

"Pesquisas recentes demonstram que o glutamado monossódico estimula receptores específicos da língua produzindo um gosto essencial que se conhece como umami, em japonês siginifica saboroso ou delicioso. O gosto umami corresponde ao quinto gosto básico, o qual é diferente dos outros quatro sabores conhecidos: doce, salgado, azedo e amargo."

Infelizmente, este delicioso artificial causa grandes problemas para a nossa saúde, além de anestesiar nossa capacidade de sentir os alimentos. Viciamos nesse sabor e quando comemos algo sem ele achamos que está sem gosto.

Antes misturávamos os sabores (doce, salgado, azedo, amargo) para chegarmos ao sabor delicioso. Agora queremos tudo muito rápido e intenso, de preferência comprado pronto. Buscamos felicidade vendida em cápsulas na farmácia. Precisamos do delicioso, todo o segundo, como viciados.

Pessoas chegam até a consulta de tarô querendo respostas prontas para tudo, não querem uma abertura de consciência para que elas mesmas construam suas próprias soluções.

Não conseguimos mais nos relacionar direito, pois precisamos de emoções intensas, de grandes paixões. O amor e a amizade precisam ser regados diariamente, daí a planta vai nascendo, crescendo e ficando forte...mas demora muito. O trabalho precisa ser maravilhoso sempre, pois do contrário nos sentimos entediados. A música precisa ser alta, os textos curtos, as cores fortes, os aromas intensos, as imagens rápidas. Queremos tudo agora, tudo pronto e com muita intensidade. 
Enfim, um jeito glutamato monossódico de ser.

Lembrei-me do Coelho da Alice. Somos todos coelhos, ou estamos coelhos?

 
Vou voltar para minha rede e meu dia slow life.
 
 
Aprendendo a viver com a Agatha.
 
* Publicação da Livraria Cultura: Revista Cultura, edição 64, novembro 2012, p. 25. 

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